Neste artigo propomos a análise e delimitação do alcance teórico de algumas propostas conceptuais e artísticas que se desenvolvem através dos conceitos de ficção-científica ou especulação ficcional, em concreto aquelas interessadas no questionamento da transcendência do humano através da tecnologia e da sua linguagem digital – videoarte. Por um lado, tentamos esclarecer de que forma estão limitados os alcances políticos de práticas pós-humanistas – aderentes de uma “estética aceleracionista geopolítica” – que tentam articular um objectivo intervencionista histórico ou político à luz das contradições onto-epistemológicas e ameaças ecológicas oriundas do entendimento do mundo proposto pelo termo Antropoceno para a humanidade. Por outro lado, destacamos os paradoxos desenvolvidos pela perspectiva a-humanística, ou pós-antropocénica, na obra em videoarte Artificialis (2020) do artista Laurent Grasso e de como a categoria do exotismo pode significar uma transformação e recuperação inesperada do sublime kantiano.