Na obra de Michel Foucault, a instituição hospital constitui-se como um dispositivo biopolítico exemplar do nexo entre saber e poder. Esta comunicação abordará o laço entre medicalização do hospital e a hospitalização da medicina. No final do séc. XVIII, ao mesmo tempo que o hospital passa de morredouro a máquina de curar, a medicina deixa de ser uma técnica geral de saúde para se assumir como prática clínica. O devir-ciência da medicina tem como correlato uma organização do espaço hospitalar caracterizada por uma distribuição espacial dos elementos, desde a arquitectura ao interior hospitalar, cujo critério é a optimização dos processos e dos resultados – o controlo da doença e a maximização da vida. Por outro lado, a tomada de poder pelo médico que Foucault aí denota pode também dar a ver o modo como o médico, no topo da hierarquia hospitalar, é afinal assujeitado pelo poder que representa.