Ainda que em contracorrente, podemos identificar alguns artistas contemporâneos que partilham uma preocupação para com a problematização da categoria de obsolescência, que passa pela actualização significativa dessas matérias no presente, através de uma anamnese aos diversos significados históricos dessas formas. Pretendemos nesta nota de investigação examinar os procedimentos teóricos de que esta actualização significativa do obsoleto é herdeira, a saber, o pensamento de Walter Benjamin (método de imagens dialécticas) e sua conceptualização dos procedimentos surrealistas. Finalmente, tentaremos esclarecer como a obsolescência se traduz numa categoria fundamental para o que Rosalind Krauss define como a reinvenção da “especificidade” do medium na contemporaneidade, como uma forma de posicionamento crítico das práticas artísticas face aos ditames cada vez mais hegemónicos do capitalismo e dos seus efeitos no campo artístico, tratando-se assim de uma reinvenção fundamental para o assentimento de um campo de liberdade artística e política.