O presente trabalho analisa o processo de institucionalização efetiva da preservação do patrimônio histórico e artístico brasileiro na década de 1930, culminando com a criação, em 1937, do SPHAN — Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual IPHAN — Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o primeiro órgão federal afeito à problemática. A abordagem adotada busca desnaturalizar tal processo, que costuma ser atribuído ao apreço das elites brasileiras pelas qualidades estéticas do barroco — particularmente, o barroco de Minas Gerais, e seu mais emblemático artista, o Aleijadinho. O estudo evidencia o inequívoco viés político de que se revestiu o processo, atrelado às marchas e contra-marchas relacionadas à ascensão de Getúlio Vargas ao poder, desde a Revolução de 1930 até o endurecimento do regime a partir da implantação do Estado Novo, em 1937. Em tal contexto, assume proeminência, como símbolo da identidade nacional, a cidade de Ouro Preto, locus da Inconfidência Mineira — principal movimento separatista do período colonial — e berço do Aleijadinho — único artista colonial de incontestado prestígio então. O trabalho contou com apoio do CNPq — Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil.