Nas décadas de 1720 e 1730, D. João V encomenda aos artistas da corte francesa um conjunto de peças de mobiliário e de ornamento para guarnecer os seus circuitos palacianos. O conhecimento de muitas destas obras – verdadeiras alfaias fabricadas à luz de uma linguagem plástica renovada, emergente no contexto artístico francês da primeira metade do século XVIII – permanece lacunar, fruto da escassez de investimentos científicos nestes domínios. Resgatando preciosas fontes primárias, conservadas na Biblioteca Nacional de França e na Torre do Tombo de Lisboa (Portugal), o presente ensaio tem como principal objetivo dar a conhecer o contexto de expedição destas encomendas, focando na análise dos contextos de produção artística francesa do final do reinado de Luís XIV, governo do Duque de Orleães e início do reinado de Luís XV. No mesmo sentido, ao empreender uma abordagem analítica e comparada, direcionada aos processos de evolução e de continuidade/descontinuidade dos formulários artísticos que caracterizam várias das peças de mobiliário concebidas nestes três contextos, este investimento revela-se, também, essencial ao domínio do mercado da arte onde se incluem objetos artísticos análogos.