O presente artigo visa responder a algumas questões em torno do vestígio de pintura mural que se encontra num dos muros que delimitariam a sala dos Paços do Infante do Convento de Cristo em Tomar. Estas pinturas deveriam fazer parte de um extenso programa decorativo que ornamentaria este complexo arquitetónico, uma vez que, ainda hoje, se encontram fragmentos de pintura com motivos decorativos mudéjares por quase toda a sua extensão. Este estudo enquadra-se dentro do que é a nossa tese de doutoramento cujo foco é a decoração mudéjar na pintura mural portuguesa dos séculos XV e XVI. Desta forma, pretende-se, com este artigo, entender as técnicas de execução empregues, de que forma esta pintura se enquadra dentro do que se sabe ser a decoração mudéjar portuguesa e a sua conexão à espanhola. Para isso, recorreu-se à análise formal, ao estudo da história deste espaço, à comparação com outras pinturas portuguesas com este tipo de gramática decorativa e ainda com obras artísticas mudéjares espanholas. Entendeu-se, assim, que o artífice que as executou (que não deveria ser “mourisco”) adaptou a decoração ao espaço, seguindo um esquema típico do mudéjar, fenómeno pouco comum na pintura mural mudéjar portuguesa.
