No âmbito das práticas de projeção fílmica que respondem ao apelo contemporâneo de uma reinvenção da materialidade, Mined Soil oferece um contributo essencial para questionar o excesso da imagem digital por via da afirmação do potencial expressivo da própria superfície de projeção. Através de um balanço entre o registo documental e o recurso a imagens de arquivo, Filipa César apresenta uma reflexão crítica sobre as práticas de extração mineira no Alentejo, reconvocando o pensamento marxista de Amílcar Cabral e a sua tese acerca da relação entre a libertação de um povo e a reivindicação do seu solo. O presente ensaio pretende defender que a auscultação do solo em Mined Soil estabelece um horizonte conceptual em que se joga também a arqueologia da superfície de projeção, acabando esta por ser desvendada como zona de tensão e conflito que questiona e, consequentemente, liberta o próprio meio.