Uma escultura em madeira policromada representando São Mateus Evangelista (séc. XVII/XVIII), pertencente à Igreja Matriz do Sardoal, foi alvo de uma intervenção de conservação e restauro no Laboratório de Escultura do Instituto Politécnico de Tomar. O trabalho revelou-se um ponto de reflexão importante não só no âmbito académico, como na sua contribuição para o estudo da História da Arte e da percepção da imagem. A escultura apresentava-se repintada, tal como acontece com inúmeros bens culturais portugueses deste período. Uma observação atenta permitiu identificar a presença de policromia subjacente, posteriormente comprovada pela análise de cortes estratigráficos, bem como pela realização de janelas de sondagem. A questão do levantamento de repintes continua a ser uma opção desafiante na Conservação e Restauro, não só pelas questões de ordem ética, como pelas dificuldades técnicas que envolvem este processo. Esta intervenção apresenta um ponto de reflexão importante a respeito do levantamento – ou não – de repintes na escultura policromada portuguesa.