No presente artigo procuro integrar as apropriações identitárias do azulejo numa deriva comum à generalidade dos discursos artísticos nos séculos XIX a XXI. Estou persuadido de que as ilações nacionais do azulejo seguiram as seis fases em que divido as mutações identitárias, e que poderia resumir em sucessivas apreensões historicistas, caracterológicas e de longa duração. O historicismo preponderou até final do século XIX. Seguiu-se uma paixão pelas essências caracterológicas, que Reynaldo dos Santos exprimiu com um vigor insuperável. Quando o padrão identitário do Estado Novo entrou em declínio, os historiadores de arte voltaram-se para a pesquisa das invariantes estruturais. No primeiro caso, procuraram-se no azulejo os vestígios de uma originalidade portuguesa, ainda que efémera. No segundo, trabalhou-se para mostrar que o azulejo é a expressão de uma sensibilidade portuguesa que, com altos e baixos, permaneceu ao longo dos séculos. No terceiro, procura-se integrar o azulejo nos atributos estruturais da arte portuguesa, deduzidos por inventariação e análise.